segunda-feira, 22 de março de 2010

para L., flô...

          A palavra crônica tem durante anos me remetido a textos geniais. Tanto por me remeter à literatura, à qual logo remeto Caio F. Abreu e suas crônicas, seus textos de uma sensibilidade e agudês lindas; quanto a outros autores também adorados. Há ainda aquelas pretensas linhas que eu nuamente escrevo, despida dos semblantes, oculta por um perfil virtual ou algum pseudônimo. Há de cronicidade nesta vida um pouco de tudo. Poesia no cotidiano. Bancos de areias, olhar sutil, sereno de madrugada...
          A escrita me acompanha desde uma tenra época. Recordo-me em chatas aulas do ensino fundamental, onde minhas amigas vinham me relatar casinhos amorosos [na minha época de criança - inocentes] e me pediam pra escrever alguma cartinha de amor. Eu, e minha vaidade subentendida, escrevíamos como se o romance fosse meu. Mais tarde, alguns outros versos: poemas. Mais adiante, alguns fragmentos, textos curtos, não inacabados, são em sua essência fragmentos. Não são pedacinhos, não faltam em nada, são em si todo, mas são fragmentos. E contos!
          E há uma definição técnica para crônica mas, basicamente, que remete à literatura, aos escritos gostosos.
          But... e o desgosto agora é que surge. Eu resolvi por um dia - sabe lá o que se passava na minha cabeça!! Resolvi cursar psicologia. Área da saúde [embora tenha gente 'maluca' que ache que não!!rs]. E nestas áreas pretensas a tratar do normal e do patológico, tem uma palavrinha que incomoda. Uma coisa realmente cha-ta. E já me vão entender.
          O crônico é um par de polaridade ao que se opõe o agudo. Comumente, se associa uma dor aguda, por exemplo, na linguagem corriqueira, à uma dor pontuda, pontual. No entanto, em linguagem técnica, uma dor aguda trata de uma dor sim pontual, mas no sentido de ser uma situação ocasional, não repetitiva e não permanente. Por aí já iniciamos uma delimitação do que se trata ao falarmos em cronicidade [quando não dizemos da literalidade poética das palavras...]. Esta cronicidade - que não deixa de ser aguda, no sentido que alfineta. Permanente e repetitiva. Uma insistência. Uma irrupção. Uma chatice.
          Me ocorre agora um pouco de tristeza correlacionar dois sentidos tão distintos, presos na mesma palavra. A cronicidade lúdica das palavras leves, dos sorrisos nas letras e dos versos em prosa... em crônica. De adoecer a palavra neste contexto de cha-ti-ce crô-ni-ca! Tem nome?

*levemente modificado

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