quinta-feira, 29 de abril de 2010

ando tendo algumas pretensões. pretensões de virada. e transmito as promessas que me fizeram amigos... prometo 24h de prosa musicada. de musicidade proseada nos cantos que contam os contos noturnos de uma noite paulistana! teremos de garimpar. mas haveremos de ser recompensados com o ouro da manhã. raios dourados queimando a retina, ofuscando o olhar, o pensamento, o cotidiano dos dias corriqueiros...     
...na virada, parece que a vida parou. porque o mundo todo parou pra você!

domingo, 4 de abril de 2010

          Há uma linha tênue sobre o limite. Há um acordo não dito, subentendido, sobre esta linha que desenha até onde ir. Entre amigos, às vezes esbarramos nesta linha com certa improvisação. E fica impreciso e suspenso por certo tempo este não-dito acordado, selado pelas partes sem o uso das palavras propriamente. São obscuras as clausúlas do contrato, mas ambas as partes assinam o acordo sem muito pestanejar. Não há muitas delongas sobre o que pode ou não ser feito. Cada um vai percebendo, à seu ritmo e maneira, os contornos da amizade que se figura. Com alguns significados próprios atribuídos, não há fuga deste vacilo, mas a estrutura permanece de pé, íntegra, mesmo diante de alguns rumores e rachaduras. De modo costumeiro, todos coincidem em esforços para que se mantenha a vitalidade, a energia do monumento.
          Um certo momento, um instante de deslize, e abre-se uma fenda. Algum limite obscuro e ao mesmo tempo tão reluzente e claro, foi transposto. Transbordamento. É de alguma covardia atravessar certas trilhas de que não se tem direito, assim, num susto. Guardar a idéia na cabeça e soltá-la de uma vez sem precedente. Provoca no outro estranhamento. Fico perguntando de onde surgiu aquilo, por que nunca visei? O estranhamento ainda traz um plano pântanoso, não se pode firmar os passos no chão. E o pensamento quer rever cada conversa, cada olhar, cada troca de palavras, e descobrir o que mais era ilusório, ou não era parecido com o que parecia...
          Vou fazendo uma versão antiga pra contrastar com a atual. Tentando num exercício de previsão, e de retrocesso, ressignificar o passado e subtrair das lembranças o que sei somente agora. Por chamar de covardia, aí coloco a dose de ressentimento que acho mínima - pois tento controlar essa dosagem fatídica, um pouco comedida. É um pouquinho triste, um pouquinho chato e um pouquinho dói [no orgulho principalmente]. Faz escuro mas eu canto... Amanhã já vai passar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Há tempos que não me visto com a velha roupa. Àquela que me aconchegava na postura serena e denota certa responsabilidade. Há tempos que sabia que chegaria outro tempo, um contínuo deste, mais outro ainda, e que pediria para que me vestisse. Não pensei que chegaria tão depressa. Agora bate a porta e traz uma ruptura. Sobe este degrau - mas depois de vestir-se com aquela velha-nova roupa de postura serena.
Algumas placas indicam ruas por onde o pensamento pode querer caminhar. Na dúvida, adio a vestimenta tentando, pelo olhar, adiantar se me cairá com harmonia. As cores sóbrias, a textura lisa, o modelo singular e cheio de novos contornos. Os dedos passeiam pelas folhas de papéis riscados, rascunhos, textos lidos e há ler...
Uma idéia me vem à lembrança: 'e se eu não mais caber naquela nova roupa?' Não havia me decidido mentalmente num exercício de previsão sobre o bom caimento da peça. Uma certa insegurança e o conhecimento de que a velha roupa colorida é de Belchior. Mas quando já não caibo mais nas roupas que eu cabia... Arnaldo Antunes.
O peito aberto já não adia, resiste receoso o último segundo, mas veste-se sobriamente e sai, em direção à porta, mas ainda pensa sobre a cor, o tom... e o que fará para acomodar-se ou acomodar as antigas tendências nesta nova forma. Sintonia é uma palavra difícil, tem conflito, mesmo subscrito.
 

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