segunda-feira, 23 de maio de 2011

VAMOS VIAJAR? Vamos viajar, Clarissa. Pega esta mala e enche de vazio. A gente entra num ônibus, rouba um carro, ou vai pra estrada pedir uma carona com algum desconhecido qualquer. Vamos? Vamos Clarissa, vamos viajar?!
Deixa de lado toda essa marra e faz de conta que a gente nunca teve um plano que deu errado, nem sabemos se deu... Faz de conta, nós duas, que cada perigo era tão descomedido que tínhamos mesmo era de cair pra poder nos ralar. Vamos, Clarissa, veja lá. Você com este sorriso, tem todo este dengo, este trejeito moleque. Para de mexer no queijo, deixa aí que eu vou limpar. Clarissa, não me enrola. Vamos viajar?
Tenho certeza, que a gente falha de novo, se desespera e recorda estes momentos loucos um dia, um dia em breve, talvez qualquer dia... longe... mas precisamos antes Clarissa, de ir viajar. Quero este sorriso e a leveza em mim... pra poder ir já.
Sou um clichê barato rabiscado num papel, no fundo apático da gaveta. O que me tolhe as palavras são esses gestos presos em soluções e que me fogem nas águas. O rascunho colado à porta, perdido para sempre. Às vezes me sinto um clichê. Pois é isto o que sou, um clichê em cena. Translúcida nalgumas horas, imperceptível na maioria das outras. Mudo de idéias, troco os pensamentos em instantes. E mesmo assim, continuo incansavelmente a mesma, tão clichê. No fim de tudo eu quero um gole... e me desvencilhar desta pele humana. Tão vadia...

A vida é mesmo um clichê ...quanta humanidade sufocada.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

ô nega.... feliz.
Tudo feliz. dias, semanas, momentos, instantes e pequenas borboletas pelos seus minutos. Amores que te façam sorrir, mas que te façam chorar também - que a dor nos faz sentirmo-nos, nos faz conhecer o próprio corpo, saber de si, de onde dói, de onde acolher, de onde acarinhar...
Muitos doces, pra que você engorde e se olhe muito, muito mesmo no espelho pra se lembrar de como é bonita, seja com quantos quilos for.
Que você tenha tristezas, pois nenhuma vida é completa sem tê-las. Seríamos seres muito tristes sem a tristeza. Não precisaríamos de colo para nos deitar, nem de mãos para enxugar nossas lágrimas; que a alegria, esta a gente abraça e se abraça, mas é de dançar vivamente. A tristeza não, ela dança... mas tem ritmo de suspiro.
Te desejo um tênis sujo de muitas andanças. Cansaço de tantas escolhas e sono nos olhos de tantas belezas contempladas.
Desejo que tenha uma vida só. Nem mais, nem menos. Que você saiba vivê-la na medida, assim, erroneamente caminhante... como ninguém mais saberá criá-la.

Eu lembro que te amo só de vez em quando, viu.... no resto do tempo eu esqueço de lembrar... e amo, só.

sábado, 7 de maio de 2011

As histórias são sempre recortadas. Isto, porque os encontros já começam incompletos, vindos de algum lugar que não sabemos onde. Apenas nossa própria história na bagagem, sua indefinição típica e algumas lembranças meio apreendidas, meio sufocantes. Ah, quantos suspiros ainda rogo pelos cantos esquecidos do meu peito...
Cada um, ao se deparar com o outro neste cruzamento vivído, cotidiano, tão casual, traz seus próprios livros com páginas rasgadas, fotografias recortadas, esverdeadas de bolor, amareladas de café caído sobre o papel. Cada um traz ainda os sonhos despedaçados e as esperanças renovadas. Somos mesmo peixinhos dourados – nossa memória afetiva comprova. Que bom!
Com toda esta elaboração que viria a articular dias mais tarde, encontrei-a num cruzamento, deste, qualquer um na vida. Ainda me lembro, claro, Viaduto do Chá. Entre a multidão transeunte, tão insignificante que acredito que a notei pela absoluta falta de notoriedade que possuía. Incrível. Paulistana, como eu. Vida cotidiana comum desta terra que garoa, muito trabalho, muita correria, poucas estrelas no céu da noite. Só uma coisa está errada na imagem – o cinza. A Paulicéia não é tão cinza, talvez um pouco desvairada, necessidade do amor.
Pouco a frente, nas escadarias do Teatro Municipal, quantas lembranças... uma única vez entrei neste grande marco artístico. Estava de chinelos. A visão romântica que me acompanha é ímpar, tenho certeza. E nestas mesmas escadarias ela, tão pouco impressionante, se sentou num canto tímido. Não arrumou seus cabelos bagunçados do vento, talvez não se importasse. Não olhou em volta, nem mesmo cruzou comigo seu olhar. Nada de magia, nada de brilho. Assim mesmo, tão banal... acho que descobri (outra vez) o amor.
Quando passei por ela não parei. Segui meu caminho indiferente... não podia deixar isso acabar. Não poderia matar o platonismo, estragar o amor, só por cortesia. Que dia mais feliz... descobri o amor numa esquina.
 

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