sábado, 26 de junho de 2010

Ela caminha pela rua com seu mp3 ouvindo zélia absorta num pré-pós-tudo-bossa-band. Passa pelas ruas do centro da cidade, cenário urbano, e imagina ser este o resumo de sua vida, o lapso de instante onde tudo seria mais real, mais mágico, mas com certeza mais fantasioso. Sozinha ela caminha imaginando que aquela música serve-lhe de trilha enquanto uma platéia oculta a observa – talvez Deus. Lixeiras de coleta seletiva que jamais são respeitadas e pombos que deixam suas marquinhas de fezes por todas as ruas, concentram-se embaixo das árvores deixando o chão quase todo branco. Esse desfilar incoerente e pretenso era sua alucinação. Na mortificante tentativa de suportar o dia-a-dia era preciso alucinar-se, como se embriaga com álcool etílico por não suportar o excesso de desespero entre a ínfima linha que marca o limítrofe esgotar-se de ser e o resistir. E pensava – um dia ainda termina. Este descompasso nesta cena onde era completa – um dia termina.
- Faz assim por mim então – conversava ela com o tempo – então faz assim por mim...
Pensou por um tempo, hesitou, pensou... enfim disse
- Olha-em-volta-vira-a-cabeça-vê-se-tem-alguma-janela-aberta-e-alguém-a-me-olhar!!
Ah... não tinha. Que pena, como queria que tivesse alguém a observá-la. Alguém-admirado-escondido-intrigado. Como queria. Não tinha. Descobre-se assim do véu que te escondia, descobre-se assim tão boba e infeliz.
 

Copyright 2010 arts... pretensos istas.

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