sábado, 17 de março de 2012

Ela escrevia, ao som de Piazzolla. E ele, que tocava gaita, nem sabia que ela estava ali. Tocando a ressurreição do anjo, tão perto que sentia a espuma dos lábios nos olhos. Só ela o via, só ele a tocava.
Não faz sentido mas todo mundo vê.
A foice, cortou. A firmeza do passe das páginas, este pianista que as vira, quase rasga, traveste de novas notas.
Só o violoncelo sabe o que é a delicadeza. A própria morte em suas cordas.

Como faz bem a escuridão ressoar.

Dezenas de pessoas ouvem a mesma peça de Piazzolla. E ninguém sabe que ela está ali. Ninguém sabe deste expresso em arte, pulsão em versos que escrivinha.
Esta cabeça baixa que não pede olhos, este olhar mirante que deixa as letras turvas e quase enigmáticas.
Ninguém soube. Imóveis, alguém viu.



* ao som de Guerra Peixe e Piazzola, CCSP, 13/03/12, 20h.
Crio mitologias para não esquecer de quem sou. Sonorida esta passada, estar partida de saber que sou tanto aquém de mim. Por isto invento mitologias para não esquecer de mim.



*no CCSP, ao som de Piazzolla 'La muerte del angel', em 13/03 as 20h49.
Os pensamentos adoecem. Vez em quando, adoecem, e os paradigmas antigos precisam ser quebrados antes de ser instalada outra zona de conforto. As impressões são sérias, não que isto queira dizer que não há alegria; quer dizer que os dias não estão para brincadeira. Vez em quando, vez por outra, penso em existir - existir mesmo, e tomar direito nas palavras que eu digo, mas eu, não diz tanta coisa quanto acredita. Penso, eu, que os vocábulos são como cavalos assustados, trotando em descampado, correndo em devassidão exterior. Para as mesmas respostas, novas perguntas.
 

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