domingo, 19 de junho de 2011

Ciúme ou ciúmes. Singular ou plural. Vem sozinho, ou será que vem acompanhado de outros tantos ciuminhos? Irritantemente penetrante, este ciúme ou ciúmes vem e se encosta vez ou outra e sempre naquelas horas em que se podia ficar tranquila, mais um tanto, mais um tempo.
Estou em casa, faminta, e eis que ele chega, também faminto. Depois de nos desesperarmos com a falta de comida em casa e a restrição de possibilidades, começamos a buscar na dispensa algumas poucas coisas como ervilhas, milho-verde, creme de leite, uma cebola quase estragando na geladeira e um solitário pimentão verde. Só falta o macarrão e o molho vermelho - falta tudo! Por sorte tem uma padaria há poucos metros e ele desce para buscar o que falta. Macarrão ao molho rosê com condimentos disponíveis. Não estamos tão mal.
Ele chega e estou picando a cebola, uma cabeça de alho encontrada no fundo da gaveta da geladeira e o pimentão solitário. Comigo numa conversa ele adianta a água para ferver na cozinha. E aí começa: - Você vai por tudo isto de pimentão? Pimentão é só um pouquinho!
Ok. Parei. - Mas logo em seguida ele arremata: E o alho, tem alho? Você colocou? - Não, eu não havia colocado, ok, ok, vou cortá-lo. A verdade é que eu havia ficado com preguiça, mas vamos lá.
Estamos na cozinha, enquanto faço o molho - Não vai por a pimenta? - Calmamente, foi calmamente, com um esforço colossal mas eu disse calmamente: Sim, depois. - E ouvi de resposta: Ah.
Segundos depois e a insistência: Mas você pôs o creme de leite, agora a pimenta não vai pegar, vai empelotar tudo!
Sem tanta calma assim, respondi: Quem tá cozinhando aqui?! (e risos que é pra descontrair...). Fique calmo, eu sei o que estou fazendo, sempre fiz assim.
Mais uma intervenção: E a pimenta, não vai botar?...
Admito de imediato, das poucas coisas que tenho ciúme(s) no singular ou no plural: NÃO DÊ PALPITE ENQUANTO EU COZINHO. - Tenho ciúme da minha comida!

sábado, 18 de junho de 2011


Entre um trem e outro, foi ali mesmo sentada num banco aleatório que a avistei. Esta mulher, negra, com seu filho num carrinho, ela carregava toda sua tristeza nos olhos. Seu filho tinha alguma deficiência. E esta mulher, com seu olhar triste não expressava revolta, nem tão somente a dor, mas uma resignação que me doía apertado no peito. Meus olhos iam mareando, querendo desaguar. Eu me segurava, não era lugar para chorar. Não queria que ela me visse chorar. Alguns bancos ao lado e haviam dois surdo-mudos conversando. Todas as outras pessoas pareciam estar alheias, mas quem sabe, talvez estivessem presos nesta captura do olhar resignado daquela mulher. Ela me doía tanto. Dava de comer a seu filho com uma paciência tímida, serena, sem expectativas nem pressa em terminar o ato. Me doía. Eu queria chorar. Seu filho então começou a falar, resmungar alguma coisa pouco compreensível. E sorriu. E então esta mulher sorriu. E então a tristeza resignada de seus olhos que me faziam querer chorar se dissipou e o nó da minha garganta se desfez. O rapaz de frente a ele começou uma conversa, brincar com o menino, a mulher sorria e conversava com os dois. Fui tomada de uma alegria que surgia de algum lugar dentro de mim que não sei precisar, mas vinha de fora, mas vinha do íntimo. Que experiência. Um vagão de trem. Um dia tão grande que nem coube em si, tão cheio de alegria que se tornou!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Parei de achar que as notas tem de ser claras, que as medidas tem de ser retas e as composições tem de ser descomedidas. Preferirei, desde o agora, a imprecisão do meu silêncio.

domingo, 12 de junho de 2011

Psicologia clínica / Psicanálise - próximo ao metrô Sumaré e a Av. Dr. Arnaldo - São Paulo/SP.
Vez por outra uma digressão. Desta, por divulgar minhas atividades em atendimento clínico.


 

Copyright 2010 arts... pretensos istas.

Theme by WordpressCenter.com.
Blogger Template by Beta Templates.