quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

          Já não há tempo para colocar cada coisa em seu lugar. Cada lugar acontecia transbordado por coisas que não lhe são orgânicas e pertences. Não há, pois, tempo para a escrita de cartas ingênuas e nuas. Sim, sou deste tipo algum que sente qualquer falta de explicação prazerosa ao segurar entre os dedos um papel que viajou quilômetros, em cujas linhas deságua meus afetos.
          Aos poucos, bem aos poucos e lentamente, percebi que demoram-se anos até que um instante-insight torne óbvio os inúmeros sinais que despontam na história própria, quase inventada. É verdade que é real tudo aquilo que criei.
          De outro modo, este instante-insight torna o tempo tão rápido que tudo passa e se passa, transmuta, de forma que já não será semelhante ao instante de antes.
          Afasto com delicadeza os móveis, guardo a roupa limpa e me sento frente a mesa com papel e caneta. Ao lado os cartões postais de Curitiba e assim começo a escrita: Pai, Mãe.

domingo, 17 de novembro de 2013

Certo dia percebo que minha vida é uma reedição. O percurso que nos últimos anos estive traçando havia sido eleito e percorrido, à décadas, por aquele homem que tem sua barba grisalha, seu olhar ora altivo ora acolhedor, mas nunca distante, e seu corpo sempre disposto ao trabalho, sem preguiça, diferentemente de mim. Percebi hoje, a poucas horas, que foi preciso que eu voltasse as minhas origens para conseguir chegar ao ponto de partida no qual vivi, transformando minha história num enredo possível de ser lido apenas na diacronia dos fatos, dos rastros. A saída é o entremeio narrativo, o ponto de passagem fez-se início e, finalmente, chegando ao entremeio prematuro, um novo começo aponta o (re)significado eminente. 
Todas as raízes são faltas e são inverdades. Ao modo de Manoel de Barros, são invenções sinceras que me desenham aos rabiscos, aos recortes recolhidos de memórias alheias, enfeitadas. As peças de casa são todas transitáveis, assim como o são meu próprio coração; assim como o são minha angústia própria de saber de onde parti, de onde é parto, nascimento e vísceras. O povo que me ascende é à seu modo incorrigível, lendário e perseguido. A realidade que requeiro minha é também marginal, legítima. A ética de que me faço herdeira é amoral, é dialética e caminha em direção a Christiania, quem dera um dia chegue.
Sérgio Sampaio: Lugar de poesia é na calçada – eu faço coro! Sentindo-se sem raízes, fui pintada com beleza nesta vida, pelos passos, poucos palcos, mas muita poesia. Certo dia um amigo, lindo poética, numa conversa fiada ao telefone me pergunta onde vou e respondo-lhe que ainda não sei, mas que não importa, vou para qualquer lugar, algum lugar, vou dançar; ao que me responde liricamente: continua tudo igual e você tão livre. Deste dia em diante, neste instante, entendi que a minha falta de solidez com espaços e raízes tem beleza. Posso ouvir a voz do André me dizendo aquelas palavras ainda agora.
Então não me parece procedente permanecer questionando este 'ficar à rua'. Opor-se, bater de frente... e a cada oposição cotidiana ver surgir nova investida, se erguendo uma nova oposição incansavelmente... mas exaustiva. É Roosevelt cheia em meio a febre de Satyrianas, é noite clara e duas curvas depois a frente lateral esquerda do carro quase perde a tinta, ofendida pela intuição não pronunciada. Estes não ditos tão citados nos últimos dias, o que querem nos dizer? Na rua e nos entendimentos cotidianos das coisas ditas, mais do que a semântica, talvez valha a intenção. E as escolhas. Pontes ao invés de muros.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Terminou na conta certa aquela narrativa impossível. Aquela história trescriada e totalmente verídica. E era horrível.
- Mas você já conversou com ela sobre isto?
- Não, nunca quis fazê-la sentir-se mal.
- Ah, sim. Entendo.
- Mas é horrível. 
- O que fará com sua história então?
- Ainda não sei. Talvez esquecê-la novamente.
A ansiedade é de anos. Não de anos se arrastando, mas de fazerem-se anos, mais precisamente: fazer-se ano. Faz-se um ano em breve. 1 ano. E o medo de dar certo? Porque dar certo? Não pode dar certo! Se este ano se completa, passa, então a ansiedade diminui e algo novo é d(ex)-coberto. É o ex.terno do avesso que se deve atravessar. E apazigua assim como o pensamento que tece estas linhas. Aponta pra fé e rema.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Este post é um pouquito diferente... São fotografias de 3 'arts' na qual ando me aprimorando. 
Aceito encomendas.



  





1.  Caixa listrada: Caixa decorada.
Arte: colagem (caixa) e tecido revestido + botão + espelhos (tampa).
Material: Madeira.
Dimensões: 14 x 10 x 5 cm. 
*Aceita-se encomenda (diene.gimenes@gmail.com).

2.  Caixa bolinhas: Caixa decorada.
Arte: colagem (caixa) e tecido revestido + botão (tampa).
Material: Madeira.
Dimensões: 10 x 10 x 5 cm. 
*Aceita-se encomenda (diene.gimenes@gmail.com).

3.  Caixa gatinhos: Caixa decorada.
Arte: colagem (caixa) e tecido revestido + botão (tampa).
Material: Madeira.
Dimensões: 15 x 15 x 8 cm. 
*Aceita-se encomenda (diene.gimenes@gmail.com).

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Me orvalho inteira em folhas.
Me orvalho inteira em sol.
Me or.valho.
intimista é aquele que só escreve por dentro.
Eu ismaforo em chão e no asfalto silente,
por onde delizam histórias sob as rodilhas barulhadas.
 

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