Você já percebeu o quanto um quarto pode guardar de alguém? E este alguém vai embora, e deixa o quarto. Mas o quarto não o deixa partir. Tenho algum problema com quartos! Eles sempre me parecem maiores do que realmente são. E mais interessantes. Eu lhes imagino histórias. Talvez, em parte, porque a minha própria tenha me deixado para ficar num quarto. Quando se entra no quarto pela primeira vez, e quando passa muito tempo dentro dum mesmo quarto ele parece pequeno. Sufoca. Não. Não é assim. Quando se passa muito tempo num quarto – e nunca é tempo demais, é só muito tempo! –, ele parece se expandir. Fica tão grande. E vários universos vêm se instalar nele. Parece infindável em suas dimensões. Então é assim... é. É assim. E as janelas. As janelas? – Mas que tem as janelas? – O que podem ter janelas? Não sei. Meu problema é com quartos. Achei que de janelas você pudesse saber... – Pois não sei. Vamos esquecer as janelas... Uh... Vou falar delas. Não são janelas da alma. Nunca foram. Foi por uma janela que fugi. Foi para evitar um olhar. Olhar pela janela,... talvez se tivesse sido apenas isto. Se não tivesse me atirado por ela em direção a quê? Nem sei. Você compreende? Entende que não sei o que dizer de janelas? Então deixemo-las. Que permitam que o sol entre ao quarto, que aqueça. Todos os mundos, todos os universos – que não é um –, que são meus e que deixei naquele quarto. Será que você ainda abre as janelas para o sol entrar? Havia um canto onde nunca batia o sol.
Conteúdo deste blog e o maior reconhecimento de 2023
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Sinto-me honrado e feliz com a declaração pública nas redes sociais que
recebi do Embaixador das Artes e da Cultura da Academia de Letras do
Brasil/Suíça...
Há 3 meses