terça-feira, 19 de outubro de 2010

Você já percebeu o quanto um quarto pode guardar de alguém? E este alguém vai embora, e deixa o quarto. Mas o quarto não o deixa partir. Tenho algum problema com quartos! Eles sempre me parecem maiores do que realmente são. E mais interessantes. Eu lhes imagino histórias. Talvez, em parte, porque a minha própria tenha me deixado para ficar num quarto. Quando se entra no quarto pela primeira vez, e quando passa muito tempo dentro dum mesmo quarto ele parece pequeno. Sufoca. Não. Não é assim. Quando se passa muito tempo num quarto – e nunca é tempo demais, é só muito tempo! –, ele parece se expandir. Fica tão grande. E vários universos vêm se instalar nele. Parece infindável em suas dimensões. Então é assim... é. É assim. E as janelas. As janelas? – Mas que tem as janelas? – O que podem ter janelas? Não sei. Meu problema é com quartos. Achei que de janelas você pudesse saber... – Pois não sei. Vamos esquecer as janelas... Uh... Vou falar delas. Não são janelas da alma. Nunca foram. Foi por uma janela que fugi. Foi para evitar um olhar. Olhar pela janela,... talvez se tivesse sido apenas isto. Se não tivesse me atirado por ela em direção a quê? Nem sei. Você compreende? Entende que não sei o que dizer de janelas? Então deixemo-las. Que permitam que o sol entre ao quarto, que aqueça. Todos os mundos, todos os universos – que não é um –, que são meus e que deixei naquele quarto. Será que você ainda abre as janelas para o sol entrar? Havia um canto onde nunca batia o sol.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eu penso esperar por algo ou alguém, pois é assim que a vida parece se dar. Fazendo parecer as mentiras e sugerindo atravessamentos que não estão lá.
Eu penso em constância. Em algo pra sempre perdido. Penso ter atingido a nulidade necessária pra deixar estar, mas me pego perdendo nos muros os buracos que permitem enxergar do outro lado.
Penso ter atingido alguma coisa. Que coisa? Ora, nem sei... mas algo há de chegar.
Nem que seja a fome que se sacie ou se consume. Nem que seja o corpo que, contornando, se esgote... no próprio esgotamento do impossível de se esgotar.
 

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