sexta-feira, 2 de abril de 2010

Há tempos que não me visto com a velha roupa. Àquela que me aconchegava na postura serena e denota certa responsabilidade. Há tempos que sabia que chegaria outro tempo, um contínuo deste, mais outro ainda, e que pediria para que me vestisse. Não pensei que chegaria tão depressa. Agora bate a porta e traz uma ruptura. Sobe este degrau - mas depois de vestir-se com aquela velha-nova roupa de postura serena.
Algumas placas indicam ruas por onde o pensamento pode querer caminhar. Na dúvida, adio a vestimenta tentando, pelo olhar, adiantar se me cairá com harmonia. As cores sóbrias, a textura lisa, o modelo singular e cheio de novos contornos. Os dedos passeiam pelas folhas de papéis riscados, rascunhos, textos lidos e há ler...
Uma idéia me vem à lembrança: 'e se eu não mais caber naquela nova roupa?' Não havia me decidido mentalmente num exercício de previsão sobre o bom caimento da peça. Uma certa insegurança e o conhecimento de que a velha roupa colorida é de Belchior. Mas quando já não caibo mais nas roupas que eu cabia... Arnaldo Antunes.
O peito aberto já não adia, resiste receoso o último segundo, mas veste-se sobriamente e sai, em direção à porta, mas ainda pensa sobre a cor, o tom... e o que fará para acomodar-se ou acomodar as antigas tendências nesta nova forma. Sintonia é uma palavra difícil, tem conflito, mesmo subscrito.

0 comentários:

 

Copyright 2010 arts... pretensos istas.

Theme by WordpressCenter.com.
Blogger Template by Beta Templates.