terça-feira, 16 de agosto de 2011

domingo, 14 de agosto de 2011

Passava dias sem se questionar, sem perceber, sem nem mesmo acordar pro que sentia; então vem me perguntar ‘quem é este que sonha que não posso ser eu?’. Também não espera resposta. Sai tagarelando, andando pela sala e fuçando nos pacotes da mesa. Finalmente sai, deixando atrás de si, entre nós, esta porta pálida com aquele adesivo colorido que ninguém sabe quem o colou e todos queriam tê-lo colado. E cá estas horas da tarde, já tarde, deixa-me aqui, me remoendo aos pensamentos circulares sobre o que será que isto quis dizer.
Tenho pra mim, uns medos que são brutos. Que os medos são assim meio domesticáveis, mas novinhos ainda são brutos, meio inconsistentes, um pouco folgados demais. Chegam e vão ocupando tudo o que há de entorno até não caber, para então depois recaber no próprio que é o medo, e virar medo – de quê?
Fica cá uma dúvida, meio vazia, meio cheia, que não se sabe se tenta entender ou perde-se logo por um trago. O pensamento irrompe aquela porta fechada e acompanha calado o movimento dele, que há pouco se foi, que já deixou-me por detrás da porta e que agora está envolto demais nos próprios pensamentos pra perceber que era importante, que percebia. Obsessivamente pensante demais pra lembrar de quem deixou por detrás da porta, também obsessivamente pensante.
Outra hora volta. E faz novamente uma pergunta traiçoeira, me deixa inquieta e vai embora – estranhamente – sem apaziguar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

       Ainda que eu escrevesse de mim, seria mentira. E seria tão só, esta meia verdade indisfarçada, mal descompartida e irrefratária. Não há meios de me dizer. E isto, só o digo, porque estas palavras na minha boca, do papel e pelo texto, podem fazer voltar a incoerência da percepção que sou - não sou, fato.
       Estes versos inimpoéticos, pouco despretendidos, mal sabem se caber em si e não andam bem das pernas. Não sabem dizer mais do que dizem e suspiram o óbvio enquanto tentam fugir da mesma linha já escrita. As cartas tão amarrotadas, presas na poeira daquele baú embaixo da cama. Estas cantigas insanas.
       Sofre um varal de meio dia com um sol tímido batendo sobre as folhas molhadas, poemas quase perdidos, salvo por um minuto de concepção. As ilusões, estas sim, são verdadeiras, devem ser salvas e só dizem de honestidade. As minhas letras, estas não, mal mentem e sabem-se mentindo muito mal. Perdidas que são, nem tentam mais indagar justiça, veracidade, não mais; contentam-se agora com o calor do descaso passando por perto, ali, próximo a um ramo desfolhado, solto ao piso branco.
       Vi um certo dia, Jundiaí, interior paulista, um varal de poesia. As folhas penduradas, secas, tão limpas que me faziam inveja da clareza com que se escreviam. E o correr dos passos dos passantes embriagados, impercebidos. Era cenário lírico. Fiz meu ode.
       De tanto escrever, quase nada disse. Não teve esforço, nem tão pouco intento. Já foram todos avisados, dizer de mim, seria mentira. As palavras que faltam o fazem melhor. Melhor então é permanecer ausente.
É justo que se possa retomar o ponto. Desde que o entrefio da meada esteja devidamente desenrolado, fiapos cortados e espessura interpretada. Foi de novelos em escadas que os gatos se fizeram. Notaram um dia que tinham de cair ao chão, e para não cair de qualquer jeito - caprichosos que são - se fizeram gatos, para então cair de pé. E que seu pulo em salto é elegante, pois a vaidade permitida é vigor e projeção animalesca do convívio. Impuramente destemido, as unhas ferinas, felinas, partem a pele em lascas de comiserações. Partidos despercebidos. Me pus a falar de gatos, não sei bem por quê... a felinidade deve estar às voltas.
 

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