sábado, 15 de agosto de 2009

Como um poema de Cecília, o choro me vem perto dos olhos... para que a dor transborde e caia... o choro vem quase chorando. Os olhos me dizem. Não sei o que me dizem ao certo, mas é certo que dizem. Me fitam vivamente, de um gesto tão melancólico que não nega sua vida. Concentrados... estes olhos. Eu vejo as frases que escreveu pelas paredes do seu quarto. Elas me decifram você. É seu jeito de me dizer quem é. Assim você não precisa dizer. Sem se expor. Eu talvez te compreenda melhor agora. Talvez isto realmente me ajude a entender. O vidro da sua janela é quase indecifrável. É a sua letra, tantas pessoas já te disseram isto. Não sei por que, afinal, não cede. Os poemas de Cecília e de Quintana dizem tanto de quem és, quase me perco neles.
Se você visse a imagem pra que olho agora, mas você está de costas pra ela. É a imagem de uma peça que certa vez eu vi. "Adubo, ou a sutil arte de escoar pelo ralo", era este seu título. Destas que fazem a tragédia humana parecer interessante. Sabem tornar o ridículo da existência do homem em algo que, embora tragicômico, não caia na vulgaridade ou num clichê barato. Uma peça muito boa, não recordo o nome da companhia. Também não vou me virar para ver. Não quero perder este fio que nos une agora pelo olhar.
Não gosto da cor das paredes de seu quarto. Faz algum tempo que penso nisto. Estava pensando nisto agora, até que Adriana Calcanhoto resolveu que alguém tem medo do amor. Ora, é claro que se tem medo do amor. E por que não se haveria de ter? Coisa ridícula esta estória de amor! Quem precisa disto? É lógico que todos tem medo do que se furte ao controle, e anula a consciência enquanto sede da razão. Já ouviu falar em algum ser humano racional apaixonado? É óbvio. Não, não é simples assim. Que simplista. Não que seja mentira, mas muito pequeno. A verdade mesmo é que tudo no fim é muito sofrimento. Quantas lágrimas, sempre lágrimas. Não adianta. Pode tentar argumentar, mas nunca vai me convencer porque as coisas são assim: tudo acaba. Nada é verdade e tudo acaba. Quanta baboseira! Diversas frases enjoativas e babosas. A verdade é que acho tudo isto muito chato. Uma discussão desnecessária. Tudo muito entediante. Antes as paredes verdes de seu quarto das quais não gosto.
Estou cansada. Isto é só um fragmento, um devaneio. Não sei por mais quanto tempo conseguirei levar isto adiante. Seus olhos são lindos... vou me virar agora. Este espelho que nos une precisa ser limpo. Tem tantas manchas de minhas mãos... de quando tentava te alcançar. Hoje entendi. Entendi que não é assim que chego a você. Boa noite, sonhe.

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