segunda-feira, 11 de maio de 2009

Caminhando lenta e cui-da-do-sa-men-te sobre o beiral que dava para o desfiladeiro, àquela vertigem de alturas incónumes ou de dias ruins não estava em meu estômago. A pedra era gelada nos meus pés descalços que, tão cuidadosamente, escolhiam o exato milímetro onde colocar sua ponta e deixar-se acomodar o restante da palma com frio. Essa dança perdida assemelhava-se a um flutuar alucinante, tão desprezo do ser que quase se tornava automático. E o controle sobre os passos parecia esvair-se a cada novo andar, cada novo pulso de tempo. E a velocidade como que crescia, como que ficava intacta - era algo da ordem das sensações insertas, do incognoscível de se descrever. A cada passo, a cada milímetro gelado onde a palma dos pés se deitava e se deleitava, o contorno do beiral ia se completando, o desenho apontando o limite onde o lápis era retirado do papel. Dali em diante, o diante era já conhecido. Pois de um giro de 180 graus, algo assim tão vacilante que se espera a vertigem que não se havia e, consequentemente, a queda. Mas a firmeza de meus pés cravados aquelas pedras frias permanecia constante... e vibrante... e gélida. Não havia vento, não havia sopro. Havia uma árvore cravada no meio do caminho, no retorno do contorno aonde não cheguei a passar; mas que agora desponta como elemento verde na minha paisagem particular. Das mãos num dos galhos, o que desponta para fora, onde os pés não podem tocar o chão, agarrei-me com segurança e coloquei-me a balançar. Ora, como são estranhas estas brincadeiras de menina...

1 comentários:

Anônimo disse...

de sutilezas!

 

Copyright 2010 arts... pretensos istas.

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