quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

          Já não há tempo para colocar cada coisa em seu lugar. Cada lugar acontecia transbordado por coisas que não lhe são orgânicas e pertences. Não há, pois, tempo para a escrita de cartas ingênuas e nuas. Sim, sou deste tipo algum que sente qualquer falta de explicação prazerosa ao segurar entre os dedos um papel que viajou quilômetros, em cujas linhas deságua meus afetos.
          Aos poucos, bem aos poucos e lentamente, percebi que demoram-se anos até que um instante-insight torne óbvio os inúmeros sinais que despontam na história própria, quase inventada. É verdade que é real tudo aquilo que criei.
          De outro modo, este instante-insight torna o tempo tão rápido que tudo passa e se passa, transmuta, de forma que já não será semelhante ao instante de antes.
          Afasto com delicadeza os móveis, guardo a roupa limpa e me sento frente a mesa com papel e caneta. Ao lado os cartões postais de Curitiba e assim começo a escrita: Pai, Mãe.

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