quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Que vida é esta em que chegamos? Uns, presumidamente, de classe alta, compram coisas de que não necessitam por status; outros, de classe baixa, compram coisas que não necessitam - também por status! É a resposta fácil, lugar comum tão consagrado.
Acaba de deixar este bar o velho senhor, aparentemente, deve ter mais de 50 anos, provavelmente, um pai de família, que me ofereceu a venda de relógios, correntes e seus 'paninhos', os guardanapos que trazia numa caixa de sapatos. Me ofereceu, recusei; ele insistiu triste e delicadamente... recusei porque não preciso dos tais paninhos - recentemente ganhei uns 8, de quando mudei-me de casa. E isto é perfeitamente condizente com minha postura de não comprar coisas por status ou que sejam desnecessárias.
Vendo o senhor arrumar com muito cuidado sua caixa de paninhos, me lembrei de minha mãe, que não discute filosofia, não tem a 4ª série do ensino fundamental completa, não discute o capitalismo, mas vez ou outra compra algum 'paninho' ou outra coisa qualquer de que não precisa para ajudar à quem os vende. Fiquei muda. Comecei a escrever e com o aumento das linhas me percebi com raiva. Chorei.

Av. Paulista, 13.set.2012.
Os senhores na roda vizinha à mim, um total de 5, conversam em harmonia própria, em ritmo específico. Eu, que lendo sobre estratégias de escrita, me disperso do texto e percebo a oralidade própria da idade tardia: cada interlocutor à seu turno - enquanto os demais pacientemente lhe escutam e aguardam o momento da réplica, ou a brecha para complementos.
Penso que deve haver aí algo de pronunciado. Por que esta distinção adquirida... o que me reserva a idade à saber? Este tempo que leva, de certo me trará algo.
Desejei que os diálogos/debates e afins, dos acadêmicos aos entre amigos, transcorressem assim, amistosamente.
Desejo, a partir de agora, ser uma velhinha paciente.

Sesc Ipiranga, 18.set.2012.
 

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