domingo, 14 de agosto de 2011

Passava dias sem se questionar, sem perceber, sem nem mesmo acordar pro que sentia; então vem me perguntar ‘quem é este que sonha que não posso ser eu?’. Também não espera resposta. Sai tagarelando, andando pela sala e fuçando nos pacotes da mesa. Finalmente sai, deixando atrás de si, entre nós, esta porta pálida com aquele adesivo colorido que ninguém sabe quem o colou e todos queriam tê-lo colado. E cá estas horas da tarde, já tarde, deixa-me aqui, me remoendo aos pensamentos circulares sobre o que será que isto quis dizer.
Tenho pra mim, uns medos que são brutos. Que os medos são assim meio domesticáveis, mas novinhos ainda são brutos, meio inconsistentes, um pouco folgados demais. Chegam e vão ocupando tudo o que há de entorno até não caber, para então depois recaber no próprio que é o medo, e virar medo – de quê?
Fica cá uma dúvida, meio vazia, meio cheia, que não se sabe se tenta entender ou perde-se logo por um trago. O pensamento irrompe aquela porta fechada e acompanha calado o movimento dele, que há pouco se foi, que já deixou-me por detrás da porta e que agora está envolto demais nos próprios pensamentos pra perceber que era importante, que percebia. Obsessivamente pensante demais pra lembrar de quem deixou por detrás da porta, também obsessivamente pensante.
Outra hora volta. E faz novamente uma pergunta traiçoeira, me deixa inquieta e vai embora – estranhamente – sem apaziguar.

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