sábado, 7 de maio de 2011

As histórias são sempre recortadas. Isto, porque os encontros já começam incompletos, vindos de algum lugar que não sabemos onde. Apenas nossa própria história na bagagem, sua indefinição típica e algumas lembranças meio apreendidas, meio sufocantes. Ah, quantos suspiros ainda rogo pelos cantos esquecidos do meu peito...
Cada um, ao se deparar com o outro neste cruzamento vivído, cotidiano, tão casual, traz seus próprios livros com páginas rasgadas, fotografias recortadas, esverdeadas de bolor, amareladas de café caído sobre o papel. Cada um traz ainda os sonhos despedaçados e as esperanças renovadas. Somos mesmo peixinhos dourados – nossa memória afetiva comprova. Que bom!
Com toda esta elaboração que viria a articular dias mais tarde, encontrei-a num cruzamento, deste, qualquer um na vida. Ainda me lembro, claro, Viaduto do Chá. Entre a multidão transeunte, tão insignificante que acredito que a notei pela absoluta falta de notoriedade que possuía. Incrível. Paulistana, como eu. Vida cotidiana comum desta terra que garoa, muito trabalho, muita correria, poucas estrelas no céu da noite. Só uma coisa está errada na imagem – o cinza. A Paulicéia não é tão cinza, talvez um pouco desvairada, necessidade do amor.
Pouco a frente, nas escadarias do Teatro Municipal, quantas lembranças... uma única vez entrei neste grande marco artístico. Estava de chinelos. A visão romântica que me acompanha é ímpar, tenho certeza. E nestas mesmas escadarias ela, tão pouco impressionante, se sentou num canto tímido. Não arrumou seus cabelos bagunçados do vento, talvez não se importasse. Não olhou em volta, nem mesmo cruzou comigo seu olhar. Nada de magia, nada de brilho. Assim mesmo, tão banal... acho que descobri (outra vez) o amor.
Quando passei por ela não parei. Segui meu caminho indiferente... não podia deixar isso acabar. Não poderia matar o platonismo, estragar o amor, só por cortesia. Que dia mais feliz... descobri o amor numa esquina.

1 comentários:

Luiz Fernando Cavalari disse...

Por vez... rimas no final do texto sempre deixe eles mais belos..... Que acerto mais incompreensível... isto por que é maduro... e a Maturidade é complicada....

 

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