segunda-feira, 7 de março de 2011

     E olhando no espelho, ele viu aquilo que um dia já deve ter sido.
Jamais fomos humanos. Mas nestas aparências mentirosas, temos a única chance de percorrer algum caminho menos tropeçante e fazer poeira por onde passamos.
     Destes pensamentos desencontrados e sua imagem no espelho, a cara cheia de espinhas e os olhos vermelhos de tanto baseado na cara, suas lembranças jogaram-no longe da história que se passava na sala.
Perguntava-se: porque tinha este sentimento desperso e impulsos que não sabia conter?
     Abriu o armário de remédios tão rapidamente que um barulho estridente da porta ragendo ecoou. Por sorte, os que estavam na sala falavam todos ao mesmo tempo e com tamanha voracidade, que não podiam ouvir nada mais do que o próprio pensamento antecipado a responder algo que não prestaram atenção e deviam rebater. Talvez sejam comunistas, socialistas, grevistas, esquerdistas, maquinistas, lojistas, figurinistas, ...qualquer ista que não faz mais do que catalogar certa medida de segurança, uma etiqueta para se manter distância e as devidas condições sanitárias.
     No armário de remédios encontrou um batom, vermelho. Não ousa causar tamanho estranhamento em seu rosto. O que não sabia, é que nesta idade, os outros que estão na sala nem se quer notariam, preocupados sempre com o próximo dizer sendo devidamente tecido nas redes das fantasias projetadas da mente de cada um. Uma conversa de surdos.
     Mas tinha nas mãos o batom e um sentimento de extravagância que subia dos calcanhares aos lábios. Teria vergonha de voltar a olhar os companheiros da sala com aquela maquiagem destacada, nova, estranha... passou o batom, e saiu pela janela. De manhã, foi só aí que notou a loucura em que estava, era um estrangeiro, nada falava do idioma daquele país. Saiu a andar, vagando... uma hora ou outra chegaria a algum lugar... Estava feliz.

1 comentários:

Luiz Fernando Cavalari disse...

O pior das andanças é que sempre encontramos quem fala as nossas linguas quem veste as nossas roupas, e novamente voltamos a escutar sem ao menos ouvir.... Por isto a peregrinação é eterna, por que mudamos.... Hoje vi o seu recado... antigo... quardado para o momento que eu lembrasse que tenho um pouco deste poeta em mim... e lembrei de um comercial (me senti superficial.. mas encaixa).. que diz que em uma segunda feira simples.. algo pode fazer toda a diferença.... pois é esta quarta segunda-feira... o presente quardado do seu comentario no meu blog... foi esta diferença.... ausencia de ti.. que me gera saudades.... nos vemos.. quando eu estiver de batom vermelho...!!!! bjos

 

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