Uns dias,
acordava apaixonada. Noutros, cansava. Mas a delícia de se misturar nos
despudores, suores e nos sabores permanecia sempre intenso, sempre quente,
sempre instante – tanto era que as tentativas de findar aquela salada de
mensagens subliminares, jogos de poder e erotismo foram tantas, mas tantas...
que se perdiam em número igual nas desistência, toda vez, toda última vez que
se encontravam. Tensos, se embriagavam perdendo os sentidos em cada nova
madrugada, tarde ou manhã.
Uns dias,
acordava apaixonada. Noutros, nem tanto. E este círculo se repetia infindamente
ao passar dos meses – fez-se ano. As esperas se dilataram, a atração se
comprimia e se derramava, intensa, toda, de uma só vez quando, ainda
insistentes, se permaneciam um no outro ainda algumas horas, madrugadas, tardes
ou manhãs.
Num dia sem
qualquer importância, a madrugada, a mesma intensidade... e acariciaram-se como
antes não haviam – nesta hora soube, tão certo que era, ela soube: estava
diante de um fim. Seria despedida? Sabia apenas que nada seria igual. Não havia
sexo naquela manhã. Havia o abraço. Havia o afago. Houve o cuidado, carinhoso.
A partir dali estava certo, ou seriam de fato, sérios, ou não teriam nem mais
graça.
Sábado, 20 de outubro de 2012.